domingo, 11 de janeiro de 2009

(O pano sobe e a luz acende numa bunda de fora, olhando pra lua)


Voltei com a bunda de fora, para dizer que esse mundo é uma bosta, esse autor é uma bosta, eu sou uma bosta, vocês são uma bosta e esse país não deu e jamais dará certo. Querem prova? Amada Batista & Paulo Coelho são quem mais vendem, o país é governado, entre aspas é claro, por um bombeiro mecânico e, até as Ongs, já nasceram ensinando a arte de se locupletar. Tudo começou, há mais ou menos uns vinte e cinco anos. AIDS, morte, morte, morte, e finalmente resolveram discutir a arte de dar o rabo. O governo passou a institucionalizar a propriedade, até então pública, e a distribuir camisinha. Nos tornamos bananas ensacadas. Carmen Miranda com um cacho de camisinha na cabeça. Daí um pulo para as Ongs passarem a editar e distribuir cartilhas ensinando como se bota uma camisinha no pau. Passamos os 90s com aquelas imagens, daquela série de desenhimos, do abrir o preservativo, do cacete duro, do desenrolar a camisinha sobre o cacete duro, do tirar e dar um nozinho. Estão entendendo o que digo? Ou tudo não passa de teatro? (Ouve-se "Puro Teatro", música cantada por La Lupe, do filme "Mujeres al borde de un ataque de nervios", de Almodóvar). Teatro personalizado numa grande putaria! Igual a esse aqui. Me maquiei, subi no palco e apareceram um punhado de panacas que pagaram para serem xingados. Uma escola teatral que nem lembro o nome. O que me interessa é meu parco dinheirinho no bolso. Ora, vão, pela milionésima vez, para a puta que pariu! Afinal, no cartaz dizia, não dizia? Um texto provocador, insultuoso. Saber o que é insultuoso é que pega nego. Vai vê o outro lado mais xingado, depois dos prezados cavaleiros e éguas, tirou daquela cabeça que só sai merda essa palavra para engabelar vocês, trouxas. O autor, aquele veado, me usa. Não estou falando da personagem, olha só, DA PERSONAGEM, todo veado é mesmo besta. Estou falando de mim, ator. Para ganhar o seu, sem fazer força nenhuma. Ou vocês estão pensando que deu trabalho escrever essa bosta? O segundo palitinho é o que mesmo!? Ah, é a porra da homossexualidade! Passemos para outro pau, o tema está mais cansado do que o meu pau mole. Já não fodo, sou fodido. Fodido! FO-DI-DÃO! Bem ao estilo da “nova” geração de escritores, uma geração fodida! Bem ao meu estilo! Ficamos nesse círculo, nessa eterna e suprema história da carochinha em que o “Era uma vez”, o “E aí viveram felizes para sempre”, é sempre recorrente, está sempre voltando. Brinquemos num transe infinito com nosso carrinho, de polícia é claro, bate-e-volta da Estrela. É isso que esses “novos”, não esqueçamos nunca das aspas, por favor, escritores, são, uns colecionadores de figurinhas. Escrever que é bom vai sobrar para quem? Não vêem a carência enorme de novos textos para o teatro? Eu falando mais uma vez de teatro. Mas estava falando de literatura! Ou vocês pensam que teatro não é literatura? Vocês ainda são do tempo do ronca-e-fuça, onde viver é só roncar e foder? Foder com a cabeça da pica. Foder com a rosca do parceiro. Foder com a literatura portuguesa. "O amor é Fodido”, romanção do português “Miguel Esteves Cardoso”, retrata bem isso. O homem fode uma Teresa. A Teresa de Bandeira, a “dando bandeira". A “Teresa” entre a “Têca” e “Nenhuma”. Todas, medidas de envergaduras de pica. O amor não é fodido? Não é fodendo que se segura o garotão vinte anos mais novo? Você quer “Têca”, “Teresa” ou “Nenhuma”? (Cai o pano).

segunda-feira, 10 de novembro de 2008


A vida é um ralo! É uma imagem antiga, mas o que é novo? O que é o novo? Tudo bem! Não partamos para uma discussão filosófica da coisa. Do bicho coisa. Da coisa da coisa da coisa e daí a pouco estaremos numa anedota do "Patropi" ou do “Tiririca”. Entrem vocês numa favela (Ouve-se "Miséria no Japão”, música de Pedro Luís, cantada por Ney Matogrosso), em qualquer favela, numa favela do Rio, numa favela de Recife, de Fortaleza, de Salvador, sei lá.

Num troço desses qualquer e vocês voltarão "Grandes Mestres" na arte do "Xadrez", em saber que tudo é um jogo que pode dá em merda a qualquer momento. No momento que a bala perdida do surrealismo atinge a cabeça real de um animal qualquer, bicho homem sem atestado, sem certificado de garantia. Um jovem qualquer que de baixo de um sol qualquer aperta unzinho na certidão de nascimento.

Tudo bem! Agora saiamos da favela e peguemos o beco logo à direita que vai dar numa bucetinha sem pêlos, que um deputado qualquer bota na roda, nos peitos e na bunda. E será sempre assim, esse eterno entra e sai. Essa infindável busca de nascer novamente, de voltar às origens. Orígenes Lessa tinha razão, toda rima é vã. É nonsense de décima categoria. Feito o meu texto. Mas o que quero dizer, voltemos, dois pontos. Já que a cabeça desse autor cabeça-chata só funciona assim. Dois pontos. Falo de origem, aquela conversa mole de útero materno, Freud e coisa e tal. Voltemos, dois pontos. Qualê cabeça chata? Tá lombrado é? Que história é esse de "vortemos", dois pontos? Tá pensando que eu sou gravador? Te manca! Deixa que eu improviso, tá minha filha! Útero da mãe é a mesma coisa de dar o rabo para um time de futebol, com mando de campo para o time. Fui claro!? (Cai o pano).

domingo, 26 de outubro de 2008



A marmota do mormaço em Poá pula a sequência dos textos em prosa e apresenta a tradução para o português de 3 poemas do novo livro da poeta argentina María Pugliese:



desnudos

I

de ida

el escultor de ojos brillantes como plumas de pájaro
dijo
que le vendió sus obras a Chico Buarque en Bahía
y que los tres días más bellos fueron en Estocolmo
comer dormir hacer el amor
despertar por las mañanas ante una pareja de cisnes

de vuelta

el olor a miseria invade todos los sentidos...
la miseria desnuda
pero oculta los cisnes
con velos de tristeza

II

Ama y no se desviste
Centinelea puertas
¿Que se cierran?
¿Hacia dónde ir desde este lugar?

III

La certeza pende
su flanco ámbar
inquebrantable


desnudos


I

de ida

o escultor de olhos brilhantes como plumas de pássaro
disse
que vendeu suas obras a Chico Buarque na Bahia
e que os três dias mais belos foram em Estocolmo
comer dormir fazer amor
despertar pelas manhãs ante um casal de cisnes

de volta

o cheiro da miséria invade todos os sentidos...
a miséria desnuda
porém oculta os cisnes
com o véu da tristeza

II

Ama e não se despe
Vigia as portas
Que se fecham?
Havia a onde ir daqui?

III

A certeza pende
seu flanco
inquebrantável







alimento


vanidades y ansias

despojo
trenzas de mandrágoras

desgarro
crisálidas
sobre heridas abiertas

reservo
unicornios y arpías
arrullo de ángeles fetiches
hojas de salvia y menta
paños fétidos

el futuro narra el pasado en un presente
de inmolación
por tanta luz
por tanto




alimento


vaidades e ânsias

despojo
tranças de mandrágoras

destruo
crisálidas
sobre feridas abertas

reservo
unicórnios e harpas
toada de anjos divinos
folhas de salva e menta
trajes fétidos

o futuro narra o passado no presente
de imolação
por tanta luz
por tanto




me busca

me alcanza
me atropella
me empuja
me tira
me sostiene
me enlaza

me esquiva
ni siquiera me habla
grita
me enfrenta
y se humilla
basta dice
basta de enfermedad
me cura
me renueva

pero no me abandona





me busca

me alcança
me atropela
me empurra
me tira
me sustenta
me enlaça

me esquiva
não fala
grita
me enfrenta
e se humilha
basta dizer
basta de enfermidade
me cura
me renova

porém não me abandona



Tradução de Cláudio Portella. Poemas del libro Vigías en la noche (1ª ed. - Buenos Aires: Último Reino, 2007.)

domingo, 5 de outubro de 2008

A Marmota do Mormaço em Poá



Tudo deu realmente em merda, em muita água pelo ladrão, em uma puta usando "Roberto Cavalli" com um código de barra tatuado na bunda. Tudo bem! Pára de dizer tudo bem, tudo bem uma pinóia! Agora é pecado sangrar. Carpinejar capinou o mato onde se esconde o pedaço de toucinho. Passou a era da invenção, depois do avião é tudo café pequeno. Estamos na fase das frases feitas. Depois do travesti, é tudo puta! É tudo lugar comum, é tudo frase feita, é tudo chavão. Ah, Deus meu! Como detesto a palavra tudo, porque tudo é tudo e nada num só lugar, numa única palavra. Já disse isso? Ora, vão para a caixa prego! Pregar um prego no assento de uma cadeira para nossa querida professorinha sentar e nos ensinar tudo. Ah, meu querido Deus! Como odeio essa palavra! Como odeio as palavras, todas! Sem exceção! Odeio todo o dicionário, odeio tudo! Ah, Deus meu! A nossa querida professorinha de óculos, com uns putos peitões, com umas senhoras pernas, uma senhora bunda, nos ensina a somar, a dividir. Mas no final das contas tudo (Ódio!) estará errado, absolutamente errado. De certo só a punheta com a imagem da professorinha na cabeça, no cabeção do pau! Estão vendo meus queridos!? O que é um autorzinho fazer um atorzinho passar vexame diante de uma platéia, que aparentemente gosta de teatro, que saiu de casa e pagou para ouvir poesia? Essa louca degringolada que foge de qualquer concepção e entra no chão. Um chão profano e popular. Em nosso planetinha há mais poetas que recicladores de lixo. Vão em paz e que a maldita poesia não lhes acompanhem. Reciclem! (Cai o pano).